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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Orixá Oxum/Osùn





   Oxum/Osùn é a divindade Yourubá (Orixás) do amor, do ouro (riquezas), da beleza, sedução, do empoderamento feminino, da harmonia entre os casais, lares e suas famílias. Rainha de Ijexá, Oxum é a padroeira da gestação e da fecundidade, protetora das crianças, cuida das enfermidades do ventre, dona do leite da vida, o materno, recebe as preces das mulheres que desejam ter filhos, protegendo-as durante a gravidez. Oxum tem o título de Yalodê (Ìyálodè), uma palavra de origem yorubana que tem como significado: aquela que lidera as mulheres na cidade e/ou a dona do grande poder feminino. Junto com Yemanjá, Oxum é a grande mãe da mitologia Yorubá, simbolizadas muitas vezes através dos peixes, ou ainda, por sereias. Carrega seu abano (abebé), espécie de leque de latão arredondado, que reflete igual a um espelho (digi). No Batuque, por exemplo, Oxum, Yemanjá e Oxalá, são as divindades mais respeitadas e temerosas dentro do culto, chamados popularmente de "Orixás maiores" ou "Orixás do mel". Esta trilogia representa o começo, meio e fim, enquanto Oxalá "forma a vida", Oxum "gera e nutre", e Yemanjá "cria". Até mesmo Exú/Bará, o mensageiro, a primeira divindade a ser invocada, saúda antes sua mãe Yemanjá, tamanho respeito e zelo.

    Junto de Bará/Exú detém os segredos de Ifá (Orunmilá/Òrúnmìlà), o jogo de búzios, transmitindo para seus filhos o grande dom da vidência. Conta um itãn (lenda), que Òrúnmìlà era encantado pela beleza de Oxum e disse-lhe que se ela se casasse com ele, ela não só teria os conhecimentos sobre Ifá como ele criaria um oráculo exclusivo para ela. Òrúnmìlà e Oxum se casaram, e ela se tornou Apẹ̀tẹ̀bí ní Òrúnmìlà, sendo além de esposa de Òrúnmìlà, a primeira mulher a conhecer os mistérios de Ifá, e ter o poder de manusear o mérìndílógún ou jogo dos búzios.

    Mas se engana quem pensa que Oxum é só composta de "doçuras", ela é a temida e poderosa bruxa feiticeira do panteão dos Orixás. Em suas feitiçarias traz os poderes mais misteriosos das bruxas ancestres, as Iyá Mi Oxorongá. Que também são consideradas eleyé (Senhoras dos Pássaros), devido sua relação com as aves noturnas e de rapina (corujas), através dos quais transmitem o axé, tornando-se detentoras e condutoras dessa sabedoria e energia sobrenatural. Em sua passagem guerreira, carrega seu alfange (tipo de espada, sabre) e em outras carrega um arco e flecha (ofá). Dentre outros itãns (lendas) Oxum matou envenenado um exército inteiro para ajudar seu marido Xangô, somente com o poder de sua inteligência. Enganou Exú/Bará para deter os conhecimentos de Ifá e, por fim, arrancou a orelha esquerda de Obá para lutar por seu amor, tudo através de sua astúcia e destreza.

    Assim como ocorre nos ritos de muitos outros Orixás, devido as tradições estruturadas em solo brasileiro, foram aglutinadas muitas culturas em suas diversas etnias, como por exemplo, os Voduns (Jejê-Fom). Aziri Tolá e Abotô são Voduns que pertencem ao panteão da terra e reina nos rios e cachoeiras, com similaridades as de Oxum (Orixá, Yourubá). Na cultura iourubana identificamos uma "Oxum" com características mais guerreira, caçadora (em algumas passagens), esposa, lutando a frente de seu povo, dando a vida se necessário for, conquistando seu espaço e ideais juntos dos homens, sendo uma grande feiticeira impiedosa contra seus inimigos, vingativa e astuta. E trazendo dos Jejê-Fon e seus Voduns (Aziri Tolá e Abotô), esta visão e "temperamento" mais amoroso e pacífico.

    Aziri Tolá é um Vodun que vive no fundo dos rios, pertencendo ao panteão da terra, tem ligação com culto aos ancestrais, as mães feiticeiras. Muito doce e meiga, prefere a paz e tranquilidade do fundo dos rios, regendo todos os seres vivos que por lá vivem. Recebeu ordens de Mawú para levar aos seres humanos a fé e o amor, sendo responsável também pela beleza e fertilidade do planeta, cuidando de sua aparência e bem estar. É a senhora do amor e tem a propriedade de unir as pessoas sentimentalmente. Rege os casamentos, as uniões estáveis e todo laço de afeto que pode existir entre duas pessoas de sexo opostos ou do mesmo sexo. É vaidosa, caridosa, porém muito exigente, gostando das coisas sempre em ordem, principalmente relacionadas ao culto. Veste amarelo clarinho, com detalhes dourados e prateados. Se enfeita com pedras, conchas e caramujos. Aziri Tolá também é responsável pela fertilidade da mulher, regendo a gestação, a hora do nascimento e o bem estar do filho e da mãe. Divindade do encanto e da beleza, adora o ouro e tudo o que brilha. Outro Vodun muito conhecido do culto as águas é Abotô, senhora do encontro das águas doces e salgadas, regendo o local onde o rio desemboca, considerada senhora da pororoca. Também pertencente ao panteão da terra, sendo um Vodun velho e temperamental, coligada ao culto aos ancestrais. Abotô é a dona do suor e de toda água encontrada no organismo. Suas cores são o amarelo leitoso e o transparente, gosta de adornos dourados e prateados e adora perfumes.

    É comum vermos em algumas casas de Candomblé kêtu pessoas iniciadas de Abotô, ora como qualidade de Oxum/Òsún ora como qualidade de Yemanjá/Íyèmònjá, variando conforme o sacerdote e sua cultura.

    No Batuque, a raposa, a coruja e a aranha são algumas de suas formas animais sincretizadas. O Sol é seu astro regente, nas cachoeiras, através de seu elemento, a água doce, faz sua morada e se renova. Da sua voz meiga, do reflexo de seu espelho (digi) e, do movimento de seu abano (abebé), Oxum hipnotiza a todos com seus encantamentos! Tendo Oyá/Yansã como sua amiga inseparável, o "barulho" de Oyá e o "silêncio observador" de Oxum que se completam mutuamente! Sincretizada em sua grande maioria por Nossa Nossa Senhora da Conceição Imaculada. Podendo ainda ser representada Oxum Ecárie por N. S. de Fátima, Oxum Pandá por N. S. das Graças, Oxum Demum por N. S. Aparecida e ainda, Oxum Olobá por N. S. Medianeira, e Oxum Docô por N. S. do Carmo. Seu dia da semana é o sábado, sua cor é o amarelo e suas variações.

Ore Yeye Ó! Fiderioman! Yá mi Oxum!    

Axé!

Pai Daniel de Oxum


*Imagens meramente ilustrativas, retiradas da internet (Google).
*foto pessoal retirada na basílica santuário de N. S. Conceição, Salvador/BA.

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